"Você não pode mais falar com Angelina. Ela é perigosa para você, Damon. Não quero que você tenha contato com ela.”
A proibição veio de forma dura e inesperada. Sua “mãe”, sempre controladora e atenta a cada movimento dele, notou o laço que estava se formando entre Damon e Angelina. Quando ele menos esperava, as palavras frias e cortantes foram ditas: ele não podia mais falar com Angelina, não podia mais sequer se aproximar dela. Damon sabia que discutir não era uma opção — discutir com sua mãe nunca era. Ele sentia um nó apertado no estômago, uma sensação de perda que não conseguia colocar em palavras. Angelina, com seus sorrisos suaves e presença luminosa, estava sendo arrancada de sua vida.
Mas ele não podia simplesmente aceitar. Não sem tentar uma última vez. E foi assim que Damon, desesperado, recorreu à única pessoa que poderia ajudá-lo: Banks, sua irmã mais nova. Ela sempre entendia o que acontecia naquela casa de silêncios e regras inquebráveis. Banks percebeu a gravidade da situação, sabia do risco que estavam correndo, mas mesmo assim, decidiu ajudar. Ela sempre o apoiava, mesmo quando as consequências eram imprevisíveis.
Nessa noite, com o coração acelerado e a respiração pesada de nervosismo, Banks ajudou Damon a escapar discretamente. Eles saíram pela porta dos fundos, movendo-se com cautela na escuridão. A neve caía em flocos pesados, cobrindo o chão com uma camada branca e silenciosa, enquanto os dois caminhavam até a casa de Angelina, que ficava apenas duas portas adiante. O frio da noite os envolvia, mas o que realmente apertava o peito de Damon era a incerteza do que encontraria.
Chegando ao jardim da casa de Angelina, Damon pegou uma pequena pedra do chão e jogou em direção à janela dela, esperando que o som leve a acordasse. Ele jogou duas, três pedras até que a cortina se mexeu e o rosto de Angelina apareceu, um misto de surpresa e curiosidade brilhou em seus olhos. Ela não demorou a entender o que estava acontecendo. Desceu devagar, sem fazer barulho, e logo estava ao lado dele, no jardim coberto de neve.
Eles ficaram em conversando por alguns instantes, ambos sabendo que aquele momento era raro e precioso. Damon olhou para ela, gravando cada detalhe em sua mente. Era como se soubesse que aquilo poderia ser a última vez que a veria. O mundo parecia suspenso entre a quietude da noite e o peso das circunstâncias.
Então, sem dizer uma palavra, Damon se inclinou e deu um beijo suave na bochecha de Angelina. Era um gesto simples, mas carregado de tudo que ele não podia dizer em voz alta. Antes de se afastar, ele sussurrou em tom baixo, mais para si mesmo do que para ela: um dia, quando fossem mais velhos, poderiam fazer isso de novo. Havia uma promessa silenciosa ali, uma esperança que ele se forçava a acreditar, mesmo que soubesse o quão incerto o futuro era.
Depois daquela noite, foi a última vez que ele viu Angelina. Não muito tempo depois, Damon recebeu a notícia que quebrou o pouco que restava de sua resistência. Kimberly, a mãe de Angelina, tinha ido embora de Thunder Bay, levando Angelina e seu irmão Liam junto. Eles desapareceram, e com eles, o que restava de luz no mundo sombrio de Damon. A casa dos Campbell estava vazia, assim como ele se sentia por dentro.
Depois que Angelina se foi, Damon cresceu, mas a lembrança dela nunca o deixou. Mesmo com o passar dos anos e a distância entre eles, ele se agarrava à promessa que havia feito naquela noite no jardim: que um dia, quando estivessem livres das brigas e do peso das famílias, se encontrariam novamente. Era uma esperança silenciosa, um farol que guiava seus pensamentos nas noites mais escuras. Cada decisão que tomava, cada caminho que seguia, ele fazia na expectativa de, um dia, cruzar com ela por aí, como se o destino ainda tivesse um capítulo reservado para eles.